terça-feira, 6 de maio de 2008

Pesquisa "Mulher amapaense é maior mãe do Brasil"


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/AP), as mães do Amapá, são as que mais têm filhos no país. Em 1970, a taxa de fecundidade da amapaense girava em torno de 8 filhos por mulher, essa era a maior porcentagem na época e correspondia a números de países bem menos desenvolvidos que o Brasil.
A aposentada, Maria Raimunda do Espírito Santo, 62 anos, moradora da Ilha de Santana é mãe de nove filhos. Ela conta que ficou grávida pela 1ª vez quando tinha 17 anos. “Na época a gente não tinha muita informação, e nem sabia como prevenir. Não tinha pílula, camisinha, essas coisas”, lembra. Dos nove filhos, quatro são mulheres, todas casadas e são mães. “Tenho duas filhas que tem cinco filhos cada uma. Ao todo são 18 netos e quatro bisnetos”, comenta. Dona Raimunda, explica que pelas dificuldades financeiras, seus filhos não puderam concluir o ensino médio.
Em 2000, esse apontador mostrou uma queda de quase 50% na fertilidade, as mulheres amapaenses passaram a ter quatro filhos, aproximadamente. Apesar de que essa redução não foi exclusiva do Estado. Segundo o pesquisador do IBGE/AP, Raul Tababajara, uma queda dessa proporção em um tempo relativamente curto, não ocorre naturalmente para um indicador social tão importante como número médio de filhos por mãe, e isso é verificado no mundo inteiro.

Mas o que teria ocasionado essa redução?
A partir de 1974, quando a televisão começou a funcionar na capital, as pessoas tiveram mais acesso a informação. “As macapaenses obtiveram conhecimento de como lidar com seu corpo e cobrar seus direitos”, acrescenta.
Mas só no começo da década de oitenta se popularizou no Amapá os métodos contraceptivos, inclusive a pílula anticoncepcional, moda nos anos 60, em grandes centros urbanos.
O pesquisador relembra que nos primeiros anos da década de 80 destacavam-se programas de tv como TV Mulher, Malu Mulher e outros. “Isso é uma realidade, os meios de comunicação tiveram uma parcela de contribuição nesse despertar da nortista”, afirma. Mas outros fatores como: aumento de escolaridade, acesso a universidade, também influenciaram nessa diminuição.

Nos dias atuais
Nos dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – (PNAD), há indicativo de que as amapaenses continuam com a maior taxa de fecundidade do país. Com 3,6 filhos por mulher, enquanto que no Brasil a porcentagem é de 2,2.
O levantamento mostra também que 62% delas, entre 15 a 49 anos já tiveram filhos. “hoje esse número corresponde a 135.000 aproximadamente”, adverte.
Para Tabajara, essas pesquisas são excelentes bases para a elaboração de políticas públicas, principalmente na área de saúde. Mas faz uma alerta, enquanto o Estado registrou queda progressiva na percentagem de fertilidade, o número de gravidez precoce, entre jovens de 15 a 19 anos, aumentou. “Nos oito últimos anos a taxa subiu para 7,4%. Isso mostra que as mães estão cada vez mais novas”, conclui.

Flávia Fontes
(Matéria publicada dia 05. 05.08 no Jornal A Gazeta)

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