quarta-feira, 7 de maio de 2008

Alunos de Psicologia do Seama querem saber o que é loucura



Andar nu pelas ruas pode ser considerado um ato de loucura? E se este mesmo ato for cometido no período do carnaval? Mas afinal o que é a loucura? O questionamento é bem simples, aparentemente sem muita importância, mas, para acadêmicos do 6º semestre do curso de Psicologia da Faculdade Seama, entender esta pergunta é fundamental. O trabalho de pesquisa, que teve início em junho de 2007, vem sendo desenvolvido pelas acadêmicas de Vera Lehnen, Manuelle Brito e Eline Damasceno, orientadas pelo coordenador do curso de Psicologia, André Luiz Picolle.
O coordenador André Luiz explica que a idéia de verificar o que os amapaenses entendem sobre a loucura surgiu a partir da preocupação das pesquisadoras com o aspecto desse tema no Amapá.
De acordo com o ele não existe uma definição do seja a loucura, esse é um conceito extremamente relativo e problematizado. “Por isto temos a missão de saber como é a concepção das pessoas de nossa sociedade”, comenta.
Na Idade Média e no Renascimento, supunha-se que a loucura era causada por uma pedra no cérebro, e sua extração seria “o caminho da cura”. Outros conceitos foram se formando com o passar dos séculos. Mas embora não existe uma verdade absoluta do que seja a loucura, este fenômeno depende de muitas versões. A loucura como é chamada tecnicamente é quando a pessoa se perde ou diminui de forma importante o contacto com a realidade, ou seja, os conteúdos da mente prevalecem sobre a capacidade de incorporar o fato. As principais características de uma pessoa "louca" são as alterações de pensamento (delírios), ela cria novas realidades, como dizer que é Napoleão, ou mesmo Deus; de percepção (alucinações auditivas e visuais), ela ouve ou vê coisas que não existem; afetivas, como ansiedade extrapolada, etc), além das manias.
Mas ser “louco” não quer dizer que a pessoa está doente da mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de ser julgado pela sociedade. Então aí mora o perigo de pré-julgar e condenar pessoas que simplesmente pensem de modo “diferente”, mas que não prejudicam ninguém por isto. O entendimento da loucura vai variar de acordo com a cultura de uma determinada sociedade. “Um exemplo, uma coisa que aqui em Macapá pode ser considerada desviante, já em São Paulo pode ser considerado uma coisa normal e até saudável”, acrescenta André.
Durante a pesquisa, as acadêmicas fazem entrevistas com pessoas do sexo masculino e feminino, nas idades de 18 a 60 anos, sem restrições de raça, sexo, e escolaridade. O objetivo é saber de que forma ocorre a representação social da loucura no contexto macapaense e se os fatores sociais e psicológicos influenciam na representação da loucura para o cidadão. “Geralmente as pessoas temem falar, na maioria das vezes por não ter uma definição sobre o tema”, completa Manuelle Brito.As entrevistas estão sendo realizadas em pontos estratégicos da cidade, como o Parque do Forte entre outros. Após a coleta de informações, as acadêmicas farão a análise e comparação com fontes bibliográficas. O resultado final da pesquisa será encaminhado às instituições responsáveis pela saúde mental no estado. “Trabalhos como estes enriquecem a literatura amapaense dentro do estudo da psicologia, que está em desenvolvimento em nosso estado” acrescenta Vera Lehnen.



Flávia Fontes


(Matéria publicada em 2008 no Jornal A Gazeta)

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