terça-feira, 6 de maio de 2008

A era digital "A vida moderna e o analfabebismo tecnológico"













A pobreza material extrema e a absoluta falta de escolaridade resultam no que chamamos de analfabetos puros. No entanto, tão grave quanto esse é o analfabetismo funcional que afeta milhões de brasileiros, que deixaram a escola sem haver aprendido o mínimo necessário para enfrentar a vida moderna. Alguns mal sabem ler e escrever e nem sequer conseguem fazer operação aritmética com números de três algarismos. E como se não bastasse, ainda podemos citar um terceiro tipo de analfabetismo que submete o país: o digital ou informático. Ou, como também se costuma dizer, o analfabetismo tecnológico. Este último refere-se a uma incapacidade em “ler” o mundo digital e mexer com a tecnologia moderna, principalmente com relação ao domínio dos conteúdos da informática como planilhas, internet, editor de texto, desenho de páginas web etc. A causa do analfabetismo tecnológico é associada à “exclusão digital”, dita como a forma mais atual de violência e ampliação das desigualdades.
Segundo o professor e especialista em informática, Evaldo Expedito dos Santos, com o computador assumindo função principal na informação, é fundamental que a sociedade se preocupe com as pessoas que estão à margem desta evolução, para não gerar uma massa de analfabetos tecnológicos. “Hoje tudo que nos cerca de alguma forma está ligado a informatização, seja para fazer um saque no banco, através do caixa eletrônico, ou mesmo para efetuar uma compra pela Internet”, acrescenta o professor. E a ausência deste conhecimento pode gerar uma deficiência nas relações profissionais e pessoais deste indivíduo.
O aposentado Francisco Soares, apesar de ter 67 anos está em busca desse conhecimento e conta que não quer ficar para trás e está recebendo instruções de como utilizar o seu próprio computador. Ele fala que seu netinho de 7 anos sabe mexer em várias funções do micro e adora jogar no computador. “Confesso que não é fácil, existem funções que eu não entendo, mas sou determinado e tenho boa vontade. Não posso ficar para trás”, garante. Além de utilizar a Internet e armazenar fotos e vídeos familiares, Francisco faz um controle financeiro dos seus gastos pessoais.
O Estudante Bruno Daniel tem 14 anos e passa de uma a duas horas na frente do computador, seja acessando a internet, ou mesmo mexendo em programas de grande complexidade como edição de imagens e vídeos. “Meus pais me pedem ajuda algumas vezes para mexer em alguns programas no computador”, fala Daniel.
O professor Expedito esclarece ainda que o analfabetismo tecnológico não acontece apenas entre pessoas de baixa renda, mas ocorre entre as várias classes sociais. E ainda faz um alerta para que os crimes cometidos pela Internet que aumenta a cada dia. “Existem doutores que não sabem manusear um computador”, afirma.







Reporter: Flávia Fontes




(Matéria publica em 2008 no Jornal A Gazeta)

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