terça-feira, 17 de junho de 2008

Samu


Cento e cinqüenta trotes diários atrapalham o atendimento


Flávia Fontes

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tem sofrido com os inúmeros trotes. De acordo com a coordenadora geral e coordenadora médica do Serviço, Alessandra Cascaes, a estatística mensal de trotes é geralmente de 60% das ligações. Segundo ela, o número de trotes varia de acordo com o dia. “No meio da semana o horário durante o dia é mais freqüente e a noite nem tanto, já no final de semana é o dia e a noite recebendo muitos trotes”, explica.
No geral são 100 a 150 trotes diários, no mês de janeiro deste ano, foram registrados 2.324. Os atendentes recebem ligações das mais diversas e têm que regular os atendimentos. Crianças, adolescentes e adultos costumam ligar para o 192, a qualquer hora, falam coisas sem importância, algumas vezes até ofendem com palavrões e desligam. Em vários casos os trotes contêm informações falsas de urgências e emergências. Por este motivo, as ligações são repassadas para os médicos que fazem uma triagem dos dados através de perguntas específicas. “É para evitar tantas chamadas falsas”, acrescenta.
Alessandra explica que as crianças geralmente ligam falam besteira e desligam, mas sempre voltam a discar repetidas vezes para central, ocupando uma linha rapidamente. Quanto os
adultos, passam muitos trotes e são mais demorados, tão freqüente, quanto os das crianças, mas a diferença é que eles chegam a fazer a ocorrência, conversam com o médico, mas só que nessa hora que é detectado que se trata de um caso falso. No entanto, o tempo que foi gasto até perceber que se tratava de um trote, foi longo e outras ligações de emergência verdadeiras não foram atendidas por conta do trote. “Na verdade o problema não é que a ambulância vai até o local, mas sim por que as linhas ficam ocupadas e impedem que pessoas, que realmente precisam liguem”, afirma Alessandra.
A coordenadora esclarece que no momento em que a pessoa fica passando trote, ocupa uma linha, outra pessoa pode estar acidentada na rua, tentando acionar o serviço e não consegue ligar. Ou seja, a telefonista perde tempo atendendo uma falsa emergência.
Outro motivo da triagem médica é que são muitas ligações ao mesmo tempo e é preciso verificar os casos mais graves, os que tem risco de morte. Existe identificador de numero, para verificar de onde se origina a chamada, muitos são de telefones públicos, mas alguns são de celular. É quando a criança pega o celular do pai ou da mãe e liga para 192 e, às vezes, até conversa a telefonista que pede para falar com os pais. “Isso acontece muito freqüentemente”, diz.
Alessandra fala que equipe recebe um treinamento adequado pra fazer o atendimento. Uma série de orientações foram repassadas pelo próprio Ministério da Saúde, guiando o médico a priorizar os casos mais graves. “Lidamos com o salvamento de vidas e isso é muito sério”, assegura.
Não existe como dizer quantos deixam de ser atendidas por conta desta brincadeira de mau gosto, mas, ela afirma que são várias as reclamações de pessoas que não conseguem atendimento imediato. “Apesar da equipe possuir três médicos que ficam no telefone 24 horas, atendendo as chamadas, às vezes nós recebemos várias ligações ao mesmo tempo. E as três linhas ficam ocupadas”, garante.
O atendimento é monitorado pela central que fica em Macapá, na zona sul e zona norte, onde ficam duas viaturas básicas, em cada uma delas; já em Santana outra ambulância. Duas ambulâncias totalmente equipadas, que são chamadas de UTI ficam na central da capital. Além de terem uma lancha para atenderem os casos que exijam esse tipo de locomoção. “De acordo com o número de ocorrências, podemos deslocar as viaturas para onde há mais necessidade”, comenta.
Segundo Alessandra Cascaes o Ministério da Saúde determina que haja uma ambulância para cada 50 a 100 mil pessoas. “Às vezes é o tom de voz da pessoa, a situação que ela se encontra, é possível detectar o trote, pelo número de chamadas do mesmo telefone ou diferentes ligações sobre o mesmo caso”, esclarece.
Não importa de onde se origina, é importante falar que esse tipo de “brincadeira de mau gosto” tem conseqüências dramáticas. O Samu faz em média o atendimento de 2.000 ocorrências por dia. “Alguns meses nós temos mais dois mil chamados, chegam até a dois mil e quinhentas ligações” fala a coordenadora.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – (Samu/AP) é totalmente gratuito e é oferecido a população.

Quando procurar o Samu:
Problema cardiorrespiratório; intoxicação; trauma; queimadura; quadros infecciosos; maus-tratos; trabalho de parto; tentativa de suicídio; crises hipertensivas; acidentes com vítimas; choque elétrico e acidentes com produtos perigosos.
Telefone: O Samu atende pelo 192
O cidadão deve ligar para o Samu nos casos de urgência e emergência médica e informar o endereço correto, com ponto de referência para facilitar o deslocamento da unidade até a residência do paciente.

Um comentário:

Edi Prado disse...

Boas matérias. Percebeu a diferença visual entre uma matéria com inter títulos e outro sem?
A matéria fica mais "ventilada" e os trechos curtinhos induzem o leitor, preguiçoso de nascença, a ler pedacinho a pedacinho e de repente entra tudo sem esforço?